segunda-feira, 24 de maio de 2010

Zona Ribeirinha (Av. da Índia)

Este percurso estende-se através da zona ribeirinha desde a Av. Da Índia até à Baixa. É por isso um percurso relativamente extenso ainda que realizável caminhando. A opção de chegada ao ponto de início é o eléctrico 15 (Algés – Praça de Figueira) outro clássico, que circula ao longo de todo o percurso.

O antigo edifício da Standard Electric sito na Av. da Índia entre a Praça das Indústrias e a Travessa da Galé  (entrada pela Rua da Junqueira) é o ponto inicial deste itinerário (236). O edifício agora sede da Orquestra Metropolitana de Lisboa, data de 1945 com projecto de Cottinelli Telmo (ver notas). Abriu recentemente as suas portas ao púbico em geral e aos melómanos em particular, numa iniciativa denominada “quintas-feiras perfeitas”, a realizar com carácter de periodicidade mensal numa dada quinta-feira, sempre pelas 18:00h.
Continuando no sentido da Praça do Comércio temos paragem obrigatória na doca de Stº Amaro. Encostado ao rio está o edifício da gare Marítima de Alcântara (239), datado de 1943 com projecto de Pardal Monteiro (ver notas). Destaque para os murais de Almada Negreiros no vestíbulo, colaboração que se estendeu a outros edifícios emblemáticos de Lisboa. Em vias de classificação pelo IPPAR.

A uma curta distância encontra-se o edifício Pedro Álvares Cabral (579). Sito na Av. de Brasília, avenida irmã da Av. da Índia, data do início dos anos 40 – projecto de João Simões Antunes - foi originariamente uma instalação industrial e está agora reconvertido no Museu do Oriente que acolhe o espólio da respectiva fundação. O projecto de reconversão esteve a cargo dos arquitectos Carrilho da Graça e Rui Francisco. Os baixos-relevos constantes da fachada são da autoria do escultor Barata Feyo. Recomendamos visita ao interior não só como exemplo de bem tratar o património, mas principalmente pela qualidade manifesta da colecção exposta.

Seguindo a margem do rio e a cerca de 500 m de distância a outra gare marítima – Rocha Conde de Óbidos (580) – com projecto de Pardal Monteiro de 1934, ainda que só tenha sido construída entre 1945 e 1948. Também aqui foi convocado José de Almada Negreiros para animar com murais as paredes do grande vestíbulo. Em vias de classificação pelo IPPAR.
Na Av. 24 de Julho, perto do Largo de Santos o nº68 F (582) recentemente restaurado e a operar como Pizzaria (“Maritaca”) merece destaque apropriado. Um pouco mais à frente no Largo de Santos e em frente ao jardim situa-se o antigo cinema Cinearte (585), hoje sede do Grupo de Teatro “A Barraca”. O edifício de estilo Art Deco é de 1940, com projecto de Rodrigues Lima e uma visita é aconselhável: o interior ainda guarda grande parte do decor de época. Classificado Imóvel de Interesse Público pelo IPPAR.

Atravessando o Largo de Santos atingimos o Largo Vitorino Damásio. No final viramos à esquerda na Av. D. Carlos I. Entramos de seguida na Calçada Marquês de Abrantes, Largo do Conde Barão, Rua da Boavista e Rua de S. Paulo sucessivamente, e nesta última viramos na segunda à direita – Travessa do Carvalho. O nº 23 (587), antigo edifício dos banhos públicos de S. Paulo é sede da Associação dos Arquitectos Portugueses, projecto dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, datado de 1994. O edifício de 1850, de sintaxe neoclássica não tem obviamente cunho modernista, mas a livraria alberga extensa bibliografia temática.

O nosso percurso continua pela Travessa do Carvalho, Praça de S. Paulo, Travessa da Ribeira Nova e Praça da Ribeira Nova até atingirmos a Av. 24 de Julho. Imediatamente antes da Praça Duque de Terceira, ao nosso lado direito está a Estação do Cais do Sodré (588), projecto de Pardal Monteiro de 1928.
 
O percurso continua pela Praça Duque da Terceira e através da Rua Bernardo Costa que naquela desagua. A Rua do Arsenal prolonga o percurso e atinge a Praça do Comércio. A primeira rua à direita – Rua Áurea (vulgo Rua do Ouro) - e o nº 234  (591) é o nosso destino. Edifício de 1921, construído para acolher a firma Barros & Leitão e que mais tarde serviu de sede à agência Havas, tem projecto de Carlos Ramos (ver notas) e é justamente considerado um dos edifícios primordiais do modernismo Português.

Na esquina com a Praça D. Pedro IV (vulgo Rossio) a Livraria Diário de Notícias ainda preserva os elementos modernistas de arquitectura comercial. Projecto de 1938, por Cristino da Silva (ver notas). O nº 30 (594) alberga o único edifício Art Deco da Praça, o Hotel Metrópole, construído em 1917 e reformado em 1933. O seu interior é puro esplendor Deco, aqui e ali mesclado com alguma coisa de Arte Nova. Recomenda-se uma subida ao lobby do Hotel (primeiro piso). E por falar em esplendor Deco, imediatamente ao lado situa-se o café Nicola (595), um dos mais antigos de Lisboa, reformado em 1929 por Joaquim Fonseca Albuquerque e que mantém até aos dias de hoje toda a integridade decorativa.

Uma nota de pesar para o que resta do Café Portugal, nº 56, projecto de Cristino da Silva de 1938, com peças escultórias de Leopoldo de Almeida, vitrais de Ricardo Leone e decoração a cargo de Jorge Barradas. A reconversão na antiga loja Valentim de Carvalho nos idos de 90, destruiu irremediavelmente todo este espólio decorativo.

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